SÃO PAULO, BRASIL — Dentro de um parque industrial em São Paulo, Karen Leal guia um grupo entre prateleiras de dez metros de altura cheias de alimentos embalados em direção à câmara fria do armazém.
“Decidimos comprar esses contêineres refrigerados para transporte em vez de outras opções”, explicou Leal, o gerente do depósito, apontando para alguns paletes de alface e cebola dentro. “Não somos donos deste espaço de depósito, então, se nos mudarmos, eles podem vir conosco. E podemos movê-los facilmente pelo depósito para onde for mais conveniente.”
O grupo ao redor dela faz barulhos de aprovação e rabisca em seus cadernos.
“Essa é uma ótima ideia. Podemos ter o contato de quem você comprou isso?” perguntou uma das mulheres que seguiam Leal.
“Claro”, ela disse. Outros se amontoam em volta para o contato.
Este é o tipo diferenciado de troca de conhecimento que acontece quando coordenadores regionais se reúnem na filial de São Paulo do Sesc Mesa Brasil, a rede brasileira de bancos de alimentos e membro certificado da The Global FoodBanking Network. Ela é composta por 95 locais no maior e mais populoso país da América Latina e ocupa o quarto lugar na quantidade de alimentos distribuídos por todos os membros do GFN.
Esta foi uma semana especial para a filial de São Paulo, pois eles comemoravam 30 anos de fundação, abrindo caminho para a rede Sesc Mesa Brasil que conhecemos hoje.
“A equipe do Sesc Mesa Brasil São Paulo é comprometida, profissional e apaixonada pela segurança alimentar e nutrição dos mais vulneráveis”, disse Teresa Garcia Plata, diretora regional para América Latina e Caribe da The Global FoodBanking Network. “Eles são um trunfo para fortalecer parcerias e avançar estratégias para acabar com a fome e o desperdício de alimentos no Brasil.”
Mas, em vez de simplesmente comemorar, a filial de São Paulo, que distribui impressionantes 13% dos alimentos entre a rede de 95 bancos de alimentos, aproveitou a oportunidade para sediar o Encontro Nacional de Diretores Regionais, um encontro bianual para compartilhar conhecimento e traçar planos estratégicos para a rede.
Sediar o encontro na unidade pioneira de São Paulo mostra a outros bancos de alimentos mais novos no país como eles podem crescer.
“Alguns coordenadores regionais vão pensar que São Paulo é muito diferente porque é maior”, disse Claudia Roseno, coordenadora nacional do Sesc Mesa Brasil. “Os volumes podem ser diferentes, mas ao ver o trabalho pessoalmente, os coordenadores regionais percebem que os processos e o trabalho do banco de alimentos são muito semelhantes, e podemos implementar as práticas bem-sucedidas que eles veem aqui em todo o país.”
O grupo de coordenadores regionais visitou o armazém e outros locais em São Paulo. Eles passaram dias em discussão aberta discutindo tópicos importantes como coleta de dados e segurança alimentar e rastreamento de produtos.
Claudia Vilhena, coordenadora regional na capital, Brasília, disse que fez perguntas detalhadas a Karen Leal sobre como eles administram o armazém em São Paulo.
“Frequentemente temos problemas que consideramos muito desafiadores, mas quando conversamos com outros gerentes, rapidamente encontramos soluções para nossas dificuldades”, disse Vilhena. Conversar com Leal naquele dia foi muito valioso para entender a equipe que ela precisava para melhorar a gestão de estoque no depósito de Brasília.
Letícia Zago, coordenadora regional do estado de Santa Catarina, disse que tinha mais exemplos do que conseguia se lembrar de lições aprendidas no encontro: gerenciamento de parceiros de negócios, recursos humanos, gestão de estoque, coordenação de doações, desenvolvimento comunitário e muito mais.
“A oportunidade de conhecer pessoalmente todos os coordenadores regionais e muitas outras pessoas envolvidas com o Sesc Mesa Brasil é maravilhosa”, disse ela. “Isso me permite melhorar minhas habilidades profissionais e minhas contribuições para o programa. Realmente me faz sentir como se eu fosse uma jogadora importante, mesmo em uma rede gigante.”
Em um país tão grande e diverso, Roseno diz que as trocas presenciais são fundamentais para operar como uma rede.
“É nosso dever no escritório nacional servir os coordenadores regionais”, disse Roseno. “Estar pessoalmente nos permite entender melhor as necessidades das diferentes regiões e como podemos apoiá-las melhor. Isso me deixa — e acho que a todos os outros aqui — muito feliz.”
Ela sentiu que uma tremenda quantidade de progresso havia sido feita e relacionamentos haviam sido construídos em apenas alguns dias juntos. Os benefícios não seriam sentidos apenas entre esses coordenadores regionais, mas também entre a equipe em todo o país e os milhões de pessoas que eles atendem todo mês.
“Uma rede só pode crescer tão rápido quanto seus membros”, disse Garcia, da GFN. “Reconhecemos o ótimo trabalho que os diretores nacionais — e todos na rede Sesc Mesa Brasil — estão fazendo para criar um espaço tão valioso para compartilhar conhecimento.”